Categorias
notícia

Lançamento: livro “Vozes do Anjo” relata duas experiências de comunicação popular e comunitária em São Luís

A formação do Anjo da Guarda, bairro localizado na área Itaqui-Bacanga, em São Luís, tem muitas personagens e fatos marcantes. Parte dessa História é contada no relato sobre duas experiências de comunicação registradas no livro “Vozes do Anjo: do alto-falante à Bacanga FM”, que será lançado sexta-feira (27 de agosto), às 19 horas, na igreja Nossa Senhora da Penha.

Denominado “Rádio Popular”, o sistema de som em alto-falante ou “voz” foi criado em 1988 com a participação de religiosos católicos, lideranças comunitárias do bairro, artistas, jovens, mulheres e homens atuantes nas pastorais sociais.

A “Rádio Popular” funcionou durante 10 anos, até 1998, quando a comunidade dialogou sobre a criação de uma emissora FM. E assim surgiu a rádio comunitária Bacanga FM 106,3 Mhz, em pleno funcionamento e completando 23 anos de existência nesse ano de 2021.

O livro “Vozes do Anjo: do alto-falante à Bacanga FM” costura a criação do bairro às duas emissoras. Fruto de uma pesquisa iniciada em 2016, no curso de Rádio e TV da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), a obra é uma produção do OMMAR (Observatório da Mídia no Maranhão), com apoio do ObEEC (Observatório de Experiências Expandidas em Comunicação). A edição tem o selo da Editora da UFMA (EdUFMA) e a impressão viabilizada pela Direção Regional do Serviço Social do Comércio (Sesc) no Maranhão.

Obra tem a capa de Isis Rost e diagramação de Bruno Ferreira

Durante cinco anos de trabalho os pesquisadores Ed Wilson Araújo, Saylon Sousa, Rodrigo Anchieta, Rodrigo Mendonça e Robson Correa entrevistaram várias fontes vinculadas diretamente à criação das duas emissoras. O radialista e líder comunitário Luis Augusto Nascimento, um dos fundadores da Rádio Popular e da Bacanga FM, destaca a importância dos dois meios de comunicação em todo o processo de lutas dos moradores do bairro nas suas reivindicações por transporte coletivo, infraestrutura, água potável, educação e saúde, entre outras. As rádios para ele também são o palco de divulgação dos valores culturais do Anjo da Guarda.

“O livro representa uma das profícuas experiências de pesquisa acadêmica em comunicação no estado do Maranhão, mas também uma excelente oportunidade de conhecermos parte significativa da história contemporânea da sua capital”, pontuou o coordenador do OMMAR, professor doutor Carlos Agostinho Couto, na apresentação da obra.

No prefácio do livro, a pesquisadora Ana Carolina Escosteguy ressalta: “Há muito o que dizer deste trabalho, de suas características e qualidades, que, com certeza, o fazem merecedor de se tornar um alento e uma referência na pesquisa em comunicação”

A pesquisa para a produção do livro constou de revisão bibliográfica e trabalho de campo. Todas as entrevistas em áudio estão disponíveis em uma plataforma digital e podem ser adas, assim como a obra em pdf. A capa é de Isis Rost e a diagramação de Bruno Ferreira

O livro está organizado em etapas, conectando a evolução das duas rádios em cinco capítulos, com as respectivas abordagens sobre a relação entre comunicação e mobilização popular no Anjo da Guarda; o surgimento da Rádio Popular no alto-falante; a transição para a Bacanga FM; o posicionamento da emissora na Internet; e um balanço sobre os 20 anos da legislação que disciplina o serviço de radiodifusão comunitária.

Neste último capítulo é feito um apanhado sobre a criação e a luta para a obtenção da outorga para a Bacanga FM no contexto de organização da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço) no Maranhão. Ambas, a entidade e a rádio, foram criadas em 1998, ano marcante na luta pela democratização da comunicação no Maranhão.

SERVIÇO

Pauta: Lançamento do livro “Vozes do Anjo: do alto-falante à Bacanga FM”.

Autores: Ed Wilson Araújo, Saylon Souza, Rodrigo Anchieta, Rodrigo Mendonça e Robson Silva

Quando: 27 de agosto (sexta-feira)

Onde: Igreja Nossa Senhora da Penha (Rua Honduras, s/n, Anjo da Guarda)

Horário: 19h

Valor do livro: R$ 30,00 (trinta reais)

OBS: Devido às condições sanitárias e em cumprimento ao decreto do Governo do Maranhão, o evento é limitado a 150 pessoas convidadas, mantendo distanciamento no (amplo) salão da igreja, uso de máscara e higienização das mãos.

Foto destacada / Entrada principal do Anjo da Guarda nos anos 1980 / Imagem: Acervo do jornal O Imparcial /

Categorias
notícia

O olhar distraído de Benedito Junior

Quem gosta de fotografia, por curiosidade ou profissão, já deve ter visto as postagens do jornalista Benedito Lemos Junior nas redes sociais.

Sem qualquer pretensão de demarcar território no universo profissional da fotografia, ele presenteia o navegante da web com imagens simples mas dotadas de alta sensibilidade.

Nas suas idas e vindas para o trabalho, no Centro Histórico de São Luís, Benedito Junior captura as cenas da cidade e revela um talento envolvente.

A matéria-prima das fotos é a simplicidade do olhar de um homem sensível, às vezes angustiado, em outras ocasiões tocado pela leveza da vida.

Benedito Junior está para a fotografia como a música da Legião Urbana para o cotidiano:

“Tenho andado distraído
Impaciente e indeciso
E ainda estou confuso
Só que agora é diferente
Sou tão tranquilo e tão contente

Ele é um flaneur. O olhar distraído de Benedito Junior é o barro/matéria-prima que ele molda para construir os seus sonhos em imagens ou efêmeros castelos de areia desfeitos pelas ondas:

“Às vezes, o que eu vejo, quase ninguém vê”

Como um estrangeiro na sua própria aldeia, o jornalista do olhar viajante descreve a cidade por meio de cliques quase sem querer, título da música da banda Legião Urbana:

Tenho andado distraído
Impaciente e indeciso
E ainda estou confuso
Só que agora é diferente
Sou tão tranquilo e tão contente

Quantas chances desperdicei
Quando o que eu mais queria
Era provar pra todo o mundo
Que eu não precisava provar nada pra ninguém

Me fiz em mil pedaços
Pra você juntar
E queria sempre achar explicação pro que eu sentia
Como um anjo caído
Fiz questão de esquecer
Que mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira
Mas não sou mais
‘Tão criança oh oh
A ponto de saber tudo

Já não me preocupo se eu não sei por que
Às vezes, o que eu vejo, quase ninguém vê
E eu sei que você sabe, quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você

‘Tão correto e ‘tão bonito
O infinito é realmente
Um dos deuses mais lindos
Sei que, às vezes, uso
Palavras repetidas
Mas quais são as palavras
Que nunca são ditas?

Me disseram que você
Estava chorando
E foi então que eu percebi
Como lhe quero tanto

Já não me preocupo se eu não sei por que
Às vezes, o que eu vejo, quase ninguém vê
E eu sei que você sabe, quase sem querer
Que eu quero o mesmo que você

O cotidiano do Centro Histórico é a principal fonte de Benedito Júnior
Categorias
notícia

Arte Nossa: o Tambor de Crioula para novas gerações

O Ponto de Cultura Tambor de Crioula Arte Nossa realiza desde 2007 oficinas de Tambor de Crioula para crianças do Centro-Histórico de São Luís. Dando continuidade em suas ações foram realizadas oficinas de Tambor de Crioula para crianças nos dias 7 e14 de julho, na Casa das Minas, sendo que no dia 31 será realizado o encerramento das atividades.

O projeto neste ano de 2021 tem o apoio do Centro Cultural Vale do Maranhão. Para Simei Dantas as oficinas são uma forma de salvaguardar o patrimônio imaterial reando os saberes e fazeres do Tambor de Crioula para as novas gerações.

Já para Júnior Catatau as ações fortalecem e buscam manter viva essa tradição cultural maranhense herdada dos nossos anteados e ancestrais. Uma forma de manter viva a memória dos Mestres da cultura popular.

Categorias
notícia

Fundador da Somar deixa uma semente na audiência de rádio

João Carlos Silva Gomes faleceu quarta-feira (28 de julho), aos 60 anos de idade. Ele foi um dos entusiastas e fundador da Somar (Sociedade dos Ouvintes Maranhenses de Rádio), entidade que congrega a audiência dos programas jornalísticos das emissoras AM.

Nessa entrevista (ouça aqui) concedida para a pesquisa de doutorado sobre produção e recepção dos programas jornalísticos, João Carlos fala sobre a sua vivência de ouvinte e os primeiros os para a organização da audiência participativa no rádio.

Uma das imagens mais emblemáticas do rádio podia ser vista com frequência por quem ava na esquina das avenidas Getúlio Vargas e ses, no Apeadouro, bairro tradicional de São Luís.

Ali funcionava um bar da família de João Carlos Silva Gomes; e ele, quando não estava atendendo à clientela, ficava grudado em uma atração muito especial no estabelecimento – o orelhão, de onde disparava telefonemas para as emissoras de rádio AM sediadas em São Luís.

Ele não só gostava de rádio, era um apaixonado pelo meio de comunicação que ainda ouvia no aparelho de pilha, sempre a postos, no trabalho ou em casa. João Carlos colecionava centenas de cartões telefônicos que utilizava diariamente nas ligações para as emissoras.

A cena descrita acima ficou na memória, assim como a sua voz, eternizada em incontáveis participações nos programas jornalísticos do rádio AM.

João Carlos faleceu quarta-feira (28 de julho de 2021), aos 60 anos de idade, vítima de câncer.

Ele se foi, mas deixa um legado no rádio porque plantou uma semente na organização da audiência.

Em setembro do ano 2000, os ouvintes que sempre telefonavam para os programas sentiram a necessidade de se conhecer pessoalmente e João Carlos foi um dos entusiastas da ideia de criar uma entidade que congregasse os radioapaixonados.

E assim começaram as primeiras articulações para o nascimento da Sociedade dos Ouvintes Maranhenses de Rádio (Somar), que chegou a ter um programa de rádio na Timbira AM, chamado “De ouvinte para ouvinte”.

 A audiência reunida na Somar via em João Carlos um grande ativista. Ele falava quase diariamente nas emissoras e nos fins de semana visitava os ouvintes de casa em casa, estabelecendo laços afetivos e organizativos para a criação da entidade.

Através da Somar foi instituído também o Dia Estadual do Ouvinte (projeto apresentado pelo deputado Pavão Filho) e a entidade participou ativamente, através do rádio, do trabalho de esclarecimento da população visando à coleta de s para o projeto de iniciativa popular que desembocou na Lei da Ficha Limpa.

Ouça abaixo a entrevista concedida por João Carlos Silva Gomes, dia 27 de outubro de 2013, para a pesquisa de doutorado “O rádio tece a cidade”, do professor Ed Wilson Ferreira Araújo. O depoimento do presidente da Somar foi fundamental para a construção da tese, de nossa autoria, que está em fase de revisão para ser publicada em 2022.

João Carlos Silva Gomes deixa a esposa, Helena Gomes, e três filhos: Beatriz, 36 anos; Thiago, 35 anos; Rafael, 34 anos; e os netos Pedro Victor, 15 anos; e Arthur Vinicius, 12 anos.

Fica nesse registro o nosso imenso agradecimento pelo valoroso legado de João Carlos Silva Gomes para a História do rádio e o seu afeto pelos ouvintes. Que Deus o receba em paz.

João Carlos (de camisa azul, à direita) em família

e aqui o link para a tese defendida em 2016 pelo professor Ed Wilson Ferreira Araújo, na PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), com o título “A palavra falada em pulsação: produção e recepção dos programas jornalísticos das emissoras de rádio AM, em São Luís”.

Categorias
notícia

Estátua da Havan mexeu no vespeiro de São Luís

Se a poluição visual da Estátua da Liberdade é cafona, imagine aquela chaminé da termelétrica movida a carvão mineral lá na zona rural da cidade. A gente nem percebe, mas tem muita poluição no ar da Ilha do Amor

É muito proveitoso o debate sobre a instalação de uma réplica da Estátua da Liberdade prometida para São Luís na loja Havan, do empresário bolsonarista Luciano Hang.

A mobilização iniciada através de uma petição eletrônica contra o monumento ganhou a adesão de artistas, intelectuais e ativistas unidos no argumento de que a estátua é cafona e destoa das características arquitetônicas da cidade reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade.

Por outro lado, gerou uma forte reação do campo conservador identificado com o bolsonarismo, que vê a estátua e a Havan como símbolos do empreendedorismo, da geração de empregos e investimentos para São Luís.

Em síntese, a polêmica já é vitoriosa e serviu para demonstrar que é possível envolver diversos segmentos da população no debate sobre a cidade.

Nesta quarta-feira (22), às 11h, a Agência Tambor vai abordar a trágica situação dos moradores atingidos pela construção do Shopping da Ilha. Ali próximo tem um bairro, a Vila Cristalina, localizada entre o Maranhão Novo e o Vinhais.

Card da Agência Tambor visualiza protesto dos moradores
da Vila Cristalina em frente ao Tribunal de Justiça do Maranhão

As obras do shopping soterraram fontes riquíssimas de água doce na Vila Cristalina. E não foi só isso. As casas dos moradores sofreram rachaduras, foram invadidas pela lama e a maioria ficou sem aquilo que tinha em abundância – água!

ados mais de 10 anos, nada de indenização para as pessoas que perderam parte do patrimônio.

Casos como esse pipocam toda semana em São Luís, uma cidade construída à base da violência do poder econômico massacrando os pobres.

Mas, a Vila Cristalina é só um detalhe sério. Mais grave é a revisão do Plano Diretor de São Luís, que vai mexer forte na legislação urbanística e pode transformar a cidade em um entreposto portuário e industrial.

Se a poluição visual da Estátua da Liberdade é cafona, imagine aquela chaminé da termelétrica movida a carvão mineral lá na zona rural da cidade. A gente nem percebe, mas tem muita poluição no ar da Ilha do Amor.

Algumas tentativas já foram realizadas para mudar na marra o Plano Diretor. E uma nova iniciativa já está por vir na Câmara Municipal. Seria uma ótima oportunidade para gerar um grande debate sobre a cidade que temos e o futuro de São Luís.

Que o embate da Estátua da Liberdade inspire novas batalhas.

Foto destacada / Claudio Castro / chaminé da Usina Termelétrica Itaqui, na zona rural de São Luís

Categorias
notícia

Mestre João Câncio, do Boi de Pindaré, ganha homenagem com mural em São Luís

Nascido na Vila os, região central de São Luís, com longa permanência também no bairro do Monte Castelo, o tradicional Boi de Pindaré, de sotaque da Baixada, com sede hoje no Bairro de Fátima, é o novo homenageado pelo Projeto “Amo, Poeta e Cantador: Murais da Memória pelo Maranhão”.

O amo, cantador e compositor João Câncio dos Santos, que fundou a brincadeira em 15 de maio de 1960, é a figura de destaque desse mais novo e grande mural, que será confeccionado pelo artista plástico e grafitteiro Gil Leros.

A imagem do mestre João Câncio será grafittada no muro da sede do Boi, no Bairro de Fátima, às margens da Avenida dos Africanos, que liga a Avenida dos ses à Avenida Senador Vitorino Freire, no bairro da Areinha.

Berço de outros tantos mestres do Bumba meu Boi do Maranhão, como ‘Coxinho’ e ‘Zé Olhinho’, o Boi de Pindaré conta atualmente com 85 brincantes, com destaque especial para as dezenas de crianças que abrilhantam as apresentações anuais da brincadeira – descendentes, filhos, netos e bisnetos, dos fundadores e brincantes mais antigos.

Segundo a atual presidente do Boi de Pindaré, Benedita Arouche, mais conhecida como ‘Dona Bita’ no meio cultural de São Luís, há brincantes, inclusive, da chamada primeira infância, que vai até os cinco anos. “Procuramos manter vivas as nossas tradições religiosas e culturais, e, nesse sentido, a família toda acaba se envolvendo. Temos crianças de até três anos dançando no Boi”, conta Dona Bita.

A escolha do Boi de Pindaré para ser homenageado pelo Projeto “Amo, Poeta e Cantador” chegou, segundo a presidente da brincadeira, como um presente para toda a diretoria e brincantes: ‘num momento tão difícil de pandemia e, já por dois anos consecutivos, sem os tradicionais e oficiais festejos de Bumba Boi nos meses de junho e julho’. Ela afirma que não tem sido fácil manter a brincadeira, que também realiza várias obras sociais, com tão poucos recursos e doações. “Nesse cenário, ficamos muito felizes e honrados com a escolha do Boi de Pindaré, selecionado entre tantos outros ‘Bumba Bois’ de sotaque da Baixada e até mesmo dos outros sotaques. O meu muito obrigada a todos do projeto”, disse Dona Bita.

Categorias
notícia

A Ilha do Amor contra a Estátua da Liberdade

A construção de uma loja da Havan, do empresário bolsonarista Luciano Hang, está causando polêmica em São Luís, capital do Maranhão.

Desde a semana ada uma petição eletrônica circula nas redes sociais repudiando a instalação da réplica da Estátua da Liberdade, uma das marcas arquitetônicas da Havan – junção das sílabas iniciais dos nomes dos dois sócios-fundadores da empresa: Luciano Hang e Vanderlei de Limas.

O texto intitulado “Impeça Luciano Hang de agredir capital maranhense com réplica da Estátua da Liberdade” começa questionando a estranheza do monumento frente aos traços culturais de São Luís e carimba a escultura de “cafonice”.

“A quem interessa a instalação de uma réplica da Estátua da Liberdade, de 35 metros de altura, em São Luís, cidade que tanto se orgulha de suas tradições culturais, de seu conjunto arquitetônico, de suas raízes históricas e de sua gente? Sem que a população da capital maranhense tenha sido consultada a respeito, a loja de varejo Havan, do empresário Luciano Hang, está erguendo esse monumento à cafonice, ao mau gosto, em plena avenida que leva o nome de Daniel de La Touche, o navegador que deu por inaugurada a França Equinocial no Brasil, em 1612.”, diz a petição.

São Luís é Patrimônio Cultural Mundial, título concedido pela Unesco, em 1997, “por aportar o testemunho de uma tradição cultural rica e diversificada, além de constituir um excepcional exemplo de cidade colonial portuguesa, com traçado preservado e conjunto arquitetônico representativo. Por se tratar de uma cidade histórica viva, pela sua própria natureza de capital, São Luís se expandiu, preservando a malha urbana do século XVII e seu conjunto arquitetônico original.  Em toda a cidade, são cerca de quatro mil imóveis tombados: solares, sobrados, casas térreas e edificações com até quatro pavimentos”, segundo o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

A cidade também é conhecida por denominações informais criadas pelo gosto popular, tais como Ilha do Amor, Cidade dos Azulejos e Jamaica Brasileira.

Em outro trecho, a petição contra a Estátua da Liberdade cobra um posicionamento austero do Iphan sobre a implantação do monumento em uma cidade histórica:  

“Alguém consegue imaginar uma Estátua da Liberdade em Olinda, Ouro Preto ou Diamantina? Não dá. A exemplo de São Luís, são cidades tombadas pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. Em qualquer um desses sítios urbanos, instituições como o Iphan reagiriam com rigor”, enfatiza o texto.

Até o momento dessa postagem já havia 937 s na plataforma Avaaz. São Luís supera 1 milhão de habitantes (1.014.837), de acordo com o IBGE.

Enquanto a petição circula e ganha adeptos, a construção avança no bairro Cohajap e já recebe currículos para a contratação de empregados.

Fachada já pode ser vista na marginal da avenida Daniel de La Touche

Luciano Hang é um dos mais caricatos entre os bolsonaristas. Costuma vestir roupas nas cores verde e amarela e fazer declarações grotescas em defesa do presidente Jair Bolsonaro.

Mas, ele não é só engraçado. Contra Luciano Hang pesam denúncias de enriquecimento ilícito, fruto de tenebrosas transações financeiras.

Diversas reportagens facilmente adas na web fazem referência aos indícios de corrupção no patrimônio do empresário, codinominado “Véio da Havan”. Veja no Correio Braziliense, Congresso em Foco, Uol e até mesmo na revista Veja.

A fortuna da rede estende seus tentáculos ao futebol. A marca Havan aparece em camisas de times de várias divisões, como Flamento (série A), Vasco (série B), Athletico Paranaense, Chapecoense, Brusque e Cascavel.

Categorias
notícia

Renafro Maranhão reivindica medidas para conter a violência e reparar os danos em terreiros de São Luís

Veja abaixo a nota da Renafro:

Na última sexta-feira, 9 de julho, o Núcleo Maranhão da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde – Renafro por meio de Mãe Nonata d’Oxum e Pai Paulo de Aruanda, respectivamente coordenador@s do Fórum de Mulheres de Axé e do Fórum de Homens de Axé do Maranhão visitaram o terreiro de Pai Lindomar, localizado no bairro do Anjo da Guarda, São Luís, Maranhão.

Após cerca de 2 meses de ataques em que a casa vem tendo seu telhado apedrejado, na manhã do último dia 8 houve uma invasão, com depredação de imagens e tentativa de incêndio de objetos de culto. A Renafro Maranhão vem prestando solidariedade ao sacerdote, além de cobrar providências por parte do poder público para apurar os vários casos recentes de racismo religioso ocorridos na região.

No dia 13 de junho, houve uma invasão da área do terreiro do pai João da Vila Nova, com a realização de um culto evangélico sem autorização. Esse caso vem ando por uma campanha caluniosa por parte da deputada estadual Mical Damasceno, que vem acusando a vítima de ser agressor, afirmando que ele ao defender seu direito de liberdade de culto estaria “com o demônio agredindo e ameaçando os irmãos da Assembleia de Deus”. 

Racismo é crime definido por lei, e a Renafro estará vigilante no acompanhamento destes e dos demais casos de ataques aos espaços e aos integrantes das religiões de matriz africana que forem denunciados.

Exigimos o cumprimento das medidas judiciais cabíveis nesta situação, com o poder público venha cumprir seu papel:     

. Imediata apuração deste e dos demais casos recentes de violações de direitos dos povos de matriz africana;

Implantação do Protocolo de Atendimento dos Povos de Matriz Africana, apresentado ao governo do estado em 2018, coma integralidade das medidas que estão lá;

. Ingressar com medida judicial de reparação por parte do estado em razão do patrimônio violado (indenização por parte do estado);

. A partir do protocolo implantar a Patrulha Negro Cosme de fato e seja ela a atender as situações de emergência nos territórios dos povos de matriz africana.                 

Pai Paulo de Aruanda, Coordenador Estadual da Renafro – Maranhão

Veja mais notícias sobre violência contra os terreiros no site da Agência Tambor

Categorias
notícia

Unicef entrega estação de lavagem de mãos em terreiro de São Luís

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em parceria com o Instituto Alok e a Fundação Josué Montello, entrega hoje a primeira Estação de Lavagem de Mãos instalada em terreiros no Maranhão. Será no Terreiro Nossa Senhora da Vitória, de Mãe Nonata, no Cajupe. As estações fazem parte do programa nacional do Unicef de prevenção e resposta humanitária à pandemia da covid-19, promovendo a proteção de crianças e adolescentes, especialmente as mais vulneráveis.  

Mãe Nonata é coordenadora da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileira e Saúde e seu Terreiro forma parceira com o Unicef há cerca de dois anos, através do projeto Empoderamento de Meninas, que tem trabalhado com meninas adolescentes e jovens da comunidade para fortalecer sua autoestima e autoconsciência. “Esta parceria só vem para agregar um esforço coletivo e preventivo de combate à Covid-19, fazendo com que crianças e jovens se sintam, valorizados e assistidos por meio destas ações. Que projetos como esse possam se tornar corriqueiros em nossos terreiros e comunidades menos assistidos do nosso estado, valorizando assim a comunidade de matriz africana”, enfatizou a mãe de santo Nonata.  

Na continuidade da parceria, as estações de lavagem de mãos representam estratégias de sensibilização e mobilização de lideranças para o enfrentamento da pandemia e seus efeitos diretos e indiretos. O programa de implantação das estações começou no Maranhão no início de 2021 e entregará cerca de 75 estações. A primeira delas em terreiros teve início em junho, junto com a Fundação Josué Montello e o Instituto Alok. Outras estações similares também serão instaladas em escolas e comunidades quilombolas em Alcântara.  

“Temos a satisfação de entregar a primeira estação de lavagem de mãos em um terreiro de São Luís, em parceria com Mãe Nonata e as lideranças da comunidade. O Unicef tem se articulado com os diferentes agentes mobilizadores para dar respostas humanitárias à pandemia. Esse é parte de nosso compromisso na garantia e na defesa de todo o respeito aos direitos de crianças e adolescentes afrodescendentes”, reforçou a chefe do escritório do Unicef em São Luís, Ofélia Silva.  

No total, o programa do Unicef de apoio à resposta humanitária à covid19 implantará as 75 estações de lavagem de mãos desta fase, em São Luís e no município de Alcântara, nas escolas municipais e nas áreas de uso comum de comunidades quilombolas, numa parceria local com as Secretarias Municipais de Educação de São Luís e de Alcântara, Cesjo e Fundação Josué Montello.

“A parceria da Fundação junto com o Unicef vem de longas datas e é motivo de honra participar da grandeza desse projeto. Lavar as mãos se tornou uma ação fundamental na luta contra a Covid-19 e ajudar a tornar esse comportamento uma prática é muito importante para nós. Estamos deixando uma marca construída entre o Unicef e a Fundação e isso nos deixa muito felizes”, comemorou a Presidente da Fundação Josué Montello, Maria de Jesus Jorge Torres.  

Atividades formativas com jovens líderes, rodas de conversa nas comunidades, debates sobre saúde e higiene menstrual, entrega de material educativo e kits de higiene para famílias prioritárias serão realizadas para fortalecer as práticas de autocuidado nas comunidades.  

Na entrega da estação do Terreiro da Mãe Nonata, na manhã deste sábado, será realizada oficina de Saúde Menstrual e uma celebração à Oxum, a Senhora das Águas, pelas Mães de Santo do Terreiro. 

Categorias
notícia

Por que ‘picotavam’ as pedras de cantaria nas calçadas de São Luís?

Ed Wilson Araújo (jornalista e professor da UFMA)

Materiais da arquitetura portuguesa aplicados nas ruas, praças e em parte das edificações do Centro Histórico de São Luís têm referência na vigência da Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e do Maranhão, na gestão do Marquês de Pombal, nos fins século XVIII e início do XIX.

Baseada em farta mão de obra escrava, a elite portuguesa concentrava dinheiro e poder. A pujança dos negócios favorecia a adaptação de São Luís a alguns parâmetros da arquitetura de Lisboa. Na época, a capital lusitana estava sendo reconstruída após ser devastada por um terremoto, em 1775.

A elite lusitana, formada por latifundiários e comerciantes instalados em São Luís, adaptava alguns padrões de construção de Lisboa para a capital maranhense. Entre os materiais utilizados na arquitetura estavam as pedras de cantaria, que vinham de Portugal transportadas nos lastros dos navios.

Detalhes das calçadas de São Luís em 2021. Foto: José Reinaldo Martins

No artigo “São Luís: uma urbstranscolonial”(publicado no livro “São Luís 400 anos: (con)tradições de uma cidade histórica”, o pesquisador Josenildo de Jesus Pereira contextualiza o uso das pedras de cantaria nas adequações do espaço urbano de uma cidade marcada pela cultura escravocrata.

Entre as mudanças ocorridas na Província no início e meados do século XIX, Josenildo Pereira aponta: a acentuada presença inglesa; a independência política; o lento processo de interiorização da Metrópole; a abdicação do Imperador; as reformas políticas na Corte do Rio de Janeiro; as lutas sociais no campo, como a Balaiada; as fugas de escravos e os quilombos.

Nas páginas 136 e 137, escreve Josenildo Pereira:

“Dada a maior presença do poder público no cotidiano da cidade, o seu perfil urbano foi sendo modificado por meio de pressões de uma série de posturas. Os eios públicos em geral aram a ser calçados com pedras de cantaria vindas de Portugal como lastro dos navios. Essas pedras eram lavradas em blocos retangulares de aproximadamente 80cm de comprimento por 50cm de largura. Com o tempo e o ar contínuo dos transeuntes, ficavam lisas, polidas, escorregadias. Por essa razão foi aprovada a Lei de nº 08, que em seu artigo 220, determinava que:

Os proprietários que tiverem os eios de suas casas calçadas com pedras de cantaria são obrigados a picá-las de três em três anos, nos meses de dezembro e janeiro sob pena de multa de 20$ reis e de ser feito esse trabalho pela Intendência por conta do Infrator.

Advertimos, entretanto, que todo esse esmero para com a cidade realizava-se, em grande parte, graças ao trabalho de escravos e, também, aos recursos econômicos advindos da agroexportação pautada, sobretudo, na cultura algodão, ao comércio importador e exortador de suas casas comerciais, dinamizadas com a presença inglesa.

Foi nesse meio urbano da cidade de São Luís, particularmente, na área demarcada pelas Praias Grande e do Desterro e Fonte do Ribeirão, lugares onde eram praticadas as atividades financeiras, comerciais, portuárias e onde vivia parte da elite econômica em seus sobrados e casarões, que a escravidão urbana se desenvolve. E, desse modo, os trabalhadores escravos ficaram envolvidos em uma rede de várias atividades: ofícios, comércio e serviços domésticos.”

Fonte de pesquisa

São Luís 400 anos: (con)tradições de uma cidade histórica. Organizadores: Alan Kardec Gomes Pacheco Filho, Helidacy Maria Muniz Corrêa, Josenildo de Jesus Pereira. São Luís: Café & Lápis; Ed. UEMA, 2014. 341p.

Imagem destacada / calçadas na rua Portugal, Centro Histórico de São Luís / capturada aqui